terça-feira, 13 de setembro de 2011

O início do fim

Sexta feira, dia 04/03/2011. 11hrs

Chegamos para visitá-lo. Estávamos ansiosos por vê-lo, com uma saudade enorme. 
E ele não estava lá. Havia morrido as 22h38 do dia 03/03.
O que aconteceu? Ninguém soube explicar.
E eu pra sempre não saberia o que é entrar em casa pela primeira vez com o primeiro filho no colo. E, em troca disso, ví pela primeira vez aquele homem, tão grande que só havia me dado forças até então, desmoronar. SUS maldito. Nitidamente esqueceram o meu filho lá. Meu, meu, meu.
Tão meu e nunca pude carregá-lo. Tão meu e nunca pude amamentá-lo. Tão meu e nunca pude beijá-lo. Nunca saberei como era sua voz, do que ele gostava, como me faria rir. Nunca veria o Pai dele trocar as suas fraldas, levar ele pros amigos conhecerem.
Que merda toda foi essa???????????????? É uma pergunta que até hoje, 195 dias depois, me pergunto diariamente.
E lá se foi o sonho, a alegria. A casa ficou vazia. E ainda é, preenchida somente com o nosso amor e o de nossos amigos.
Mas não há nada no mundo como meu Vico. As vezes, sentada na sala, parece que o vejo (na minha imaginação) se apoiando no sofá pra tentar andar, imagino ele deitdo em cima de mim enquanto vejo tv, enquanto tomo meus inacabáveis banhos demoradíssimos imagino ele chorando.
E aí fico na internet, lendo coisas de mulheres que se dizem muito cansadas e acabadas, porque seus bebes exigem muito delas. E eu também estou muito cansada e acabada, porque não posso fazer nada pelo meu bebê. Ele está tão distante. em outros colos que não são dos que mais sonharam com ele. 

E, depois do velório e do enterro dele, qundo chegamos em casa e nos deitamos exaustos, olhei pro bercinho do meu lado na cama e chorei. Chorei. Chorei. E, comigo no colo, o Marcio me disse: não fique triste, ele teve o melhor berço do mundo dentro de você. E ele foi feliz por saber que sempre foi muito amado por nós. E eu dormí. E acordei ensopada de leite. E chorei. 

E a partir daí o Marcio nao mais chorou (pelo menos não pra mim nem na minha frente). E se mostrou o melhor pai-marido do mundo. Trocava dias vezes por dia as faixas que eu tinha que colocar no peito, pra parar a circulação do leite. E tomava conta das bolsas de água gelada e quente que usava nas compressas pra secar o leite. E quando eu o via chegando com essa tralha toda, chorava. Era desumano demais isso tudo. Meu filho estaria muito bem alimentado, seríamos alegres e felizes, o colocaríamos no meio da cama e ficaríamos olhando o rostinho dele (que era a xerox do Papai).

Por longos dias tive ódio do mundo, dos bebês saudáveis, das grávidas felizes. Doía muito. Mas eu precisava mudar isso, pois muitas (leia-se muitas mesmo) amigas estavam assim, com barrigões explodindo ou bebês nos colos. E eu, não tinha nada disso. Tinha só um vazio no meu braço, o peso enorme de um braço leve demais.

E desmontamos o quarto, dobramos roupa a roupa e guardamos.

E assim começa esse blog, na vontade louca e insana de dar colo, de dar vida, de poder ver meu Marcio com um filho nos braços, de poder colocar em prática tudo o que mais sei fazer: SER MÃE.

2 comentários:

  1. ola, vi seu blog lá no diario das maes de anjos..como vc, tb perdi minha filhinha prematura. ela nasceu com 29 semanas. 1.100kg, super bem, respirando sozinha, mas morreu 6 dias depois por hemorragia intracraniana. sei o q vc sentiu e sente,,é uma das piores experiencias pelas quais alguém pode passar. gostaria de te dizer que é justo que tenhamos raiva de tudo e de todos, mas não perca a esperança. hj estou gravida de novo...é outra menininha, muito amada e só rezo para que eu tenha a chance de amamentá=la, de ensiná-la a andar, de educá-la, de tentar ser uma boa mae. O medo ainda é grande, mas temos q ser fortes e lutar por nosso sonho. te desejo boa sorte e que em breve vc seja abençoada com um bebê lindo e saudável.
    bjos, cris

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  2. Também passei por isso. Minhas meninas nasceram com 26 semanas e não resistiram. Dói muito nunca tê-las segurado no colo, nunca ter amamentado...
    Mas vamos ser fortes e acreditar em Deus que logo teremos nosso filhos nos braços. Bjos.

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